Série
de reflexões sobre a Bíblia, escrita e publicada originalmente em
inglês, no tumblr, pelo próprio autor Rob Bell e sua equipe.
(http://robbellcom.tumblr.com/post/66107373947/what-is-the-bible).
Transcrito
e adaptado para portugues por Marcus Vinicius Epprecht com
autorização do autor. Proibida a reprodução para fins comerciais
ou qualquer forma de ganho sobre este texto sem a autorização
expressa do autor e do tradutor.
Revisado
por Felipe Epprecht Douverny e Fernanda Votta Epprecht.
Publicado
em português simultaneamente nos seguintes endereços:
Parte
4. Peixe #2
Nesta
parte eu quero que você veja quão insanas são algumas discussões
sobre a Bíblia e como elas servem como grandes distrações massivas
em relação às experiências transformadoras que são possíveis
quando lemos essas histórias como elas devem ser lidas.
Dito
isto, de acordo com a história de Jonas, ele é engolido por um
peixe. Jonas, em seguida, ora no peixe,
e,
três dias depois o Senhor ordenou ao peixe, e este vomitou Jonas em
terra seca.
-
Jonas Capítulo 2.
Agora,
alguns vão responder instantaneamente a respeito de um homem sendo
engolido por um peixe e viver para contar a história com um “virar
de olhos” seguido rapidamente por: Sério? Estamos em 2013! Já
não ficou no passado todo esse pensamento mágico / mítico? Já não
superamos esses contos de fadas?
Não
é exatamente esse tipo de afirmação que tem desconectado tantas
pessoas da Bíblia, de Deus, da fé e Jesus e tudo isso?
Outros
têm uma resposta muito diferente: Se a Bíblia diz que um homem
foi engolido por um peixe, então um homem foi engolido por peixe! Se
você negar que esta história aconteceu como o autor diz que
aconteceu, o que acontecerá com todas as outras histórias? Se você
negar um ponto, então você não está negando todos os outros com
elementos miraculosos? E se você negar um ponto, mas afirmar outros,
não é essencialmente escolher, e escolher qual deles você quer
acreditar?
O
que eu acho? Eu acho que não importa o que você acredita sobre um
homem que está sendo engolido por um peixe.
Se
você não acredita que literalmente aconteceu, está bem. Muitas
pessoas de fé ao longo dos anos tem lido esta história como uma
parábola sobre o perdão nacional. Eles
apontam para vários aspectos da natureza surreal da história
simplesmente com uma grande arte de contar histórias porque o autor
tem um argumento maior, sobre os israelitas e os assírios e o
chamado de Deus para Israel ser uma luz para todos, especialmente
para os seus inimigos.
Certo.
Bem dito.
Só
há um problema. Alguns negam a parte engolido-por-um-peixe não do
ponto de vista literário, mas com base no fato de que essas
coisas simplesmente não acontecem. O que levanta uma série de
questões: Qual é o critério para a negação? Será que temos que
apenas afirmar coisas que podem ser comprovadas em um laboratório?
Será que só acreditamos em coisas para as quais temos evidência
empírica? Será que acreditar ou não acreditar em algo que
aconteceu com base em ... se nós acreditamos que essas coisas
acontecem ou não? (Essa foi uma frase estranha. Intencionalmente.)
Podemos apenas afirmar coisas que fazem sentido para nós? Estamos
fechados para tudo o que não podemos explicar?
Se
rejeitarmos todos os elementos miraculosos de todas as histórias,
porque nós decidimos de antemão que essas coisas simplesmente não
são possíveis, corremos o risco de reduzir o mundo apenas àquilo
que podemos compreender. E
o que há de divertido nisso?
Dito
isto, há outros que dizem: É claro que ele foi engolido um
peixe, que é o que a história diz que aconteceu!
Muito
bem!
Só
há um problema. É possível afirmar a verdade literal de um homem
sendo engolido por um peixe, fazendo disso o ponto crucial da
história de tal forma que você defenda isso, acredite nisso,
discuta sobre isso, e gaste suas energias em defender a parte do
peixe e
perde o sentido da história, o sentido de permitir que o amor
redentor de Deus flua
através de nós com tanto poder e graça que nos tornamos capazes de
amar e abençoar até mesmo os nossos piores inimigos.
Para
as pessoas que ouviram pela primeira vez esta história, ela teria a
intenção de causar um efeito perturbador e provocante. Os
assírios? Os assírios eram como um grande buraco, uma ferida aberta
para os israelitas. Abençoar
os assírios?
A
história é extremamente subversiva porque insiste que
seu
inimigo pode ser mais aberto ao amor redentor de Deus do que você é.
É
por isso que o livro não termina com uma conclusão, mas uma
pergunta. Uma pergunta que Deus tem para Jonas, uma pergunta que Deus
tem para os israelitas:
Eu
não deveria ter preocupação para com a grande cidade de Nínive
...?
Esta
história exige o que se chama consciência
não-dual.
Muitos vêem o mundo em termos dualistas, termos em que existem as
pessoas boas e as pessoas más, os pecadores e santos, nós e eles,
um
mundo em que as pessoas se mantem fiéis aos rótulos e categorias
nas quais foram inseridas ...
Mas
esta história não quer nada disso. Ela explode nossos preconceitos
e rótulos em pedaços com a declaração de que Deus está do lado
de todos, que
estende a graça e a compaixão a todos, especialmente àqueles que
têm mais fortemente decidido não ficar do lado de Deus.
As
pessoas religiosas têm sido muito boas ao longo dos anos em ver-se
como NÓS, e as demais pessoas que não fazem parte do mesmo grupo
como ELES.
Mas
nesta história, o cara que se vê como nós
está furioso por causa de como Deus foi amigável para com os
Assírios e eles se converteram. Ele está tão furioso, que ele
prefere morrer a viver com a tensão.
O
que nos leva de volta para o peixe: é
fácil transformar o debate sobre a parte de peixe em uma forma de
distração em relação às tensões da história que realmente têm
a capacidade e potencial para nos confrontar e desmontar com o amor
de Deus, o tipo de amor que pode realmente transformar-nos em pessoas
mais maduras e corajosas, pessoas que gostem mesmo até de seus
inimigos. (Ponto para Jesus.)
Agora,
deixe- me levá-los mais longe: É
possível, na defesa dos "fatos" literais da história,
perder o sentido dessa história que pode realmente mudar o seu
coração e nesse processo deixar de engajar pessoas com a Bíblia.
O
que nos leva de volta para a parte insana: Você
pode argumentar interminavelmente sobre peixe, pensando que você
está defendendo a verdade ou apontando a natureza fora de moda e
ridícula do milagre de um homem dentro de um peixe, apenas
para descobrir que todos nessa discussão têm convenientemente
encontrado uma maneira de evitar as questões reais, pessoais, que
essa história levanta sobre o que realmente se esconde no fundo de
nossos corações.
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