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sexta-feira, 7 de março de 2014

O que é a bíblia? Parte 4. Peixe #2



Série de reflexões sobre a Bíblia, escrita e publicada originalmente em inglês, no tumblr, pelo próprio autor Rob Bell e sua equipe. (http://robbellcom.tumblr.com/post/66107373947/what-is-the-bible).
Transcrito e adaptado para portugues por Marcus Vinicius Epprecht com autorização do autor. Proibida a reprodução para fins comerciais ou qualquer forma de ganho sobre este texto sem a autorização expressa do autor e do tradutor.
Revisado por Felipe Epprecht Douverny e Fernanda Votta Epprecht.
Publicado em português simultaneamente nos seguintes endereços:





Parte 4. Peixe #2



Nesta parte eu quero que você veja quão insanas são algumas discussões sobre a Bíblia e como elas servem como grandes distrações massivas em relação às experiências transformadoras que são possíveis quando lemos essas histórias como elas devem ser lidas.

Dito isto, de acordo com a história de Jonas, ele é engolido por um peixe. Jonas, em seguida, ora no peixe,
e, três dias depois o Senhor ordenou ao peixe, e este vomitou Jonas em terra seca.
- Jonas Capítulo 2.

Agora, alguns vão responder instantaneamente a respeito de um homem sendo engolido por um peixe e viver para contar a história com um “virar de olhos” seguido rapidamente por: Sério? Estamos em 2013! Já não ficou no passado todo esse pensamento mágico / mítico? Já não superamos esses contos de fadas?
Não é exatamente esse tipo de afirmação que tem desconectado tantas pessoas da Bíblia, de Deus, da fé e Jesus e tudo isso?

Outros têm uma resposta muito diferente: Se a Bíblia diz que um homem foi engolido por um peixe, então um homem foi engolido por peixe! Se você negar que esta história aconteceu como o autor diz que aconteceu, o que acontecerá com todas as outras histórias? Se você negar um ponto, então você não está negando todos os outros com elementos miraculosos? E se você negar um ponto, mas afirmar outros, não é essencialmente escolher, e escolher qual deles você quer acreditar?

O que eu acho? Eu acho que não importa o que você acredita sobre um homem que está sendo engolido por um peixe.

Se você não acredita que literalmente aconteceu, está bem. Muitas pessoas de fé ao longo dos anos tem lido esta história como uma parábola sobre o perdão nacional. Eles apontam para vários aspectos da natureza surreal da história simplesmente com uma grande arte de contar histórias porque o autor tem um argumento maior, sobre os israelitas e os assírios e o chamado de Deus para Israel ser uma luz para todos, especialmente para os seus inimigos.

Certo. Bem dito.

Só há um problema. Alguns negam a parte engolido-por-um-peixe não do ponto de vista literário, mas com base no fato de que essas coisas simplesmente não acontecem. O que levanta uma série de questões: Qual é o critério para a negação? Será que temos que apenas afirmar coisas que podem ser comprovadas em um laboratório? Será que só acreditamos em coisas para as quais temos evidência empírica? Será que acreditar ou não acreditar em algo que aconteceu com base em ... se nós acreditamos que essas coisas acontecem ou não? (Essa foi uma frase estranha. Intencionalmente.) Podemos apenas afirmar coisas que fazem sentido para nós? Estamos fechados para tudo o que não podemos explicar?

Se rejeitarmos todos os elementos miraculosos de todas as histórias, porque nós decidimos de antemão que essas coisas simplesmente não são possíveis, corremos o risco de reduzir o mundo apenas àquilo que podemos compreender. E o que há de divertido nisso?

Dito isto, há outros que dizem: É claro que ele foi engolido um peixe, que é o que a história diz que aconteceu!

Muito bem!
Só há um problema. É possível afirmar a verdade literal de um homem sendo engolido por um peixe, fazendo disso o ponto crucial da história de tal forma que você defenda isso, acredite nisso, discuta sobre isso, e gaste suas energias em defender a parte do peixe e perde o sentido da história, o sentido de permitir que o amor redentor de Deus flua através de nós com tanto poder e graça que nos tornamos capazes de amar e abençoar até mesmo os nossos piores inimigos.

Para as pessoas que ouviram pela primeira vez esta história, ela teria a intenção de causar um efeito perturbador e provocante. Os assírios? Os assírios eram como um grande buraco, uma ferida aberta para os israelitas. Abençoar os assírios?

A história é extremamente subversiva porque insiste que
seu inimigo pode ser mais aberto ao amor redentor de Deus do que você é.

É por isso que o livro não termina com uma conclusão, mas uma pergunta. Uma pergunta que Deus tem para Jonas, uma pergunta que Deus tem para os israelitas:

Eu não deveria ter preocupação para com a grande cidade de Nínive ...?

Esta história exige o que se chama consciência não-dual. Muitos vêem o mundo em termos dualistas, termos em que existem as pessoas boas e as pessoas más, os pecadores e santos, nós e eles, um mundo em que as pessoas se mantem fiéis aos rótulos e categorias nas quais foram inseridas ...

Mas esta história não quer nada disso. Ela explode nossos preconceitos e rótulos em pedaços com a declaração de que Deus está do lado de todos, que estende a graça e a compaixão a todos, especialmente àqueles que têm mais fortemente decidido não ficar do lado de Deus.

As pessoas religiosas têm sido muito boas ao longo dos anos em ver-se como NÓS, e as demais pessoas que não fazem parte do mesmo grupo como ELES. Mas nesta história, o cara que se vê como nós está furioso por causa de como Deus foi amigável para com os Assírios e eles se converteram. Ele está tão furioso, que ele prefere morrer a viver com a tensão.

O que nos leva de volta para o peixe: é fácil transformar o debate sobre a parte de peixe em uma forma de distração em relação às tensões da história que realmente têm a capacidade e potencial para nos confrontar e desmontar com o amor de Deus, o tipo de amor que pode realmente transformar-nos em pessoas mais maduras e corajosas, pessoas que gostem mesmo até de seus inimigos. (Ponto para Jesus.)

Agora, deixe- me levá-los mais longe: É possível, na defesa dos "fatos" literais da história, perder o sentido dessa história que pode realmente mudar o seu coração e nesse processo deixar de engajar pessoas com a Bíblia.

O que nos leva de volta para a parte insana: Você pode argumentar interminavelmente sobre peixe, pensando que você está defendendo a verdade ou apontando a natureza fora de moda e ridícula do milagre de um homem dentro de um peixe, apenas para descobrir que todos nessa discussão têm convenientemente encontrado uma maneira de evitar as questões reais, pessoais, que essa história levanta sobre o que realmente se esconde no fundo de nossos corações.


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