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domingo, 23 de março de 2014

O que é a bíblia? Parte 6. Filho (por Rob Bell)



Série de reflexões sobre a Bíblia, escrita e publicada originalmente em inglês, no tumblr, pelo próprio autor Rob Bell e sua equipe. (http://robbellcom.tumblr.com/post/66107373947/what-is-the-bible).
Transcrito e adaptado para portugues por Marcus Vinicius Epprecht com autorização do autor. Proibida a reprodução para fins comerciais ou qualquer forma de ganho sobre este texto sem a autorização expressa do autor e do tradutor.
Revisado por Felipe Epprecht Douverny e Fernanda Votta Epprecht.
Publicado em português simultaneamente nos seguintes endereços:




       Parte 6. Filho



Então Deus disse : "Toma teu filho, teu único filho, a quem você ama – Isaque- e vá para a região de Moriá. Sacrifique-o ali ... "
Gênesis 22.

Esta passagem é um exemplo clássico do tipo de história que encontramos na Bíblia e que faz com que muitas pessoas perguntem o que uma história como esta, sobre um homem chamado Abraão, e possivelmente seu filho, tem a nos ensinar? E, para ser mais específico: Que tipo de Deus pediria a um homem para sacrificar seu filho?

Essa é a questão, não é? Estou escrevendo esta seção porque há uma resposta. Uma resposta inequívoca, clara, preto no branco, para essa pergunta, aqui nesta história.

Para chegar a essa resposta, precisaremos primeiro gastar um pouco de tempo com a história da religião, então vamos observar alguns detalhes da história, e depois nós vamos responder à pergunta.

A história da religião, então, em um parágrafo: Os primeiros humanos chegaram à conclusão de que a sua sobrevivência como espécie era dependente de coisas como comida e água. E para alimentar e crescer eles precisavam de sol e água na proporção adequada. Muita água e as coisas ficam lavadas, sem o suficiente e as plantas morrem. Muito sol e as plantas murcham , sem o suficiente e elas morrem também.
Essas observações básicas levaram as pessoas à conclusão de que, para sua sobrevivência, elas eram dependentes de forças invisíveis que não podiam controlar. (O que foi realmente um salto monumental naquela época ... ) Surgiu então a crença (eu uso essa palavra deliberadamente) de que essas forças ou estão do seu lado ou não estão. E como é que você mantém estas forças do seu lado? A próxima vez que você tiver uma colheita, você pega uma parte da colheita e a oferece em um altar como um sinal de sua gratidão. Porque você precisa das forças ( deuses e deusas ) do seu lado. Agora imagine o que acontecia quando as pessoas ofereciam um sacrifício, mas depois não chovia ou o sol não brilhava ou seus animais ficavam cheios de doenças e ainda eram incapazes de procriar, obviamente, eles concluíam, nós não oferecemos ... diga comigo agora ... O SUFICIENTE. E assim eles ofereceram mais. E mais e mais. Porque o que a religião introduziu desde o início foi uma coisa chamada ansiedade. Você nunca sabia como você estava com os deuses. Os deuses estão zangados, os deuses são exigentes, e se você não agradá-los
eles vão puni-lo, trazendo calamidade. Mas e se as coisas correrem bem? E se chover a quantidade certa
e o sol brilhar exatamente o suficiente parece que os deuses estão satisfeitos com você? Bem, então, você precisa oferecer-lhes gratidão. Mas como é que você sabe se você mostrou adequadamente quão grato você estava? Como você sabe se você ofereceu o BASTANTE? Se tudo correu bem, você não sabe se foi grato e se ofereceu o suficiente, e se as coisas não foram bem é evidente que você não fez ... o suficiente.
Ansiedade de qualquer maneira. (É por isso que o livro de Levítico é tão revolucionário - vamos chegar a isso mais tarde ... ). Agora, fique comigo aqui, porque este é o lugar onde as coisas ficam problemáticas: Se as coisas correram bem ou não, a resposta foi sempre: sacrifique mais. Dê mais. Ofereça mais. Porque você nunca sabia como você estava com os deuses. E assim você oferece parte de sua colheita. E você oferece uma cabra. Talvez um cordeiro. Talvez uma vaca. Talvez algumas vacas. Talvez algumas aves.
A própria natureza da religião primitiva (primitiva? E hoje não? Mais sobre isso daqui a pouco ..) é que tudo é amplificado porque em sua ansiedade para agradar os deuses você sempre tem que oferecer mais. E o que é a coisa mais valiosa que você pode oferecer aos deuses para lhes mostrar o quão sério você estava falando quando pediu para ganhar seu favor? Uma criança. Claro. Você pode ver como o sacrifício de crianças está sempre presente no Velho Testamento? É onde a religião leva você. Ao lugar onde você iria oferecer o que é mais valioso para você.

Agora, à história de Abraão.

Quando Deus diz a Abraão que ofereça seu filho, Abraão não fica chocado,

porque cedo na manhã seguinte, levanta-se e carregando o seu jumento

Abraão vai direto para isso. Ele não discute, ele não protesta, ele não arrasta seus pés. Ele sabe claramente o que fazer e assim ele o faz.

Claro. Era assim que Abraão entendia como a religião funcionava. Os deuses exigiam que o que era mais valioso para você. E se você não desse, você pagava o preço. Assim era o mundo naquela época. (Terrível!, eu sei.)

Então Abraão parte,

e alcança o lugar no terceiro dia.

Assim, durante três dias, ele e seu filho viajam, três dias em que seu filho é um quase morto. (Hmmmmm.. ).

Quando chega à montanha, o que Abraão diz aos servos? (Vamos lá, você sabe disso !) (Na verdade, eu também não saberia se não tivesse lido.)

Ele diz a eles:
Fiquem aqui com o jumento enquanto eu e o menino vamos até lá. Vamos adorar e depois vamos voltar para vocês.

O que .....? Abraão vai oferecer seu filho, certo? É sobre isso a história, certo? Deus diz a Abraão que ofereça seu filho e assim ele o faz, ou pelo menos prova que faria isso - esse é o ponto, não é?

Mas o que Abraão disse aos servos é que ele está indo para ir oferecer seu filho para depois voltar com o filho. (Todas as luzes no painel de instrumentos devem estar piscando agora. Há alguma coisa acontecendo nesta história. Bem abaixo da superfície. A história está subvertendo a si mesma, implorando para que você veja algo muito mais significativo acontecendo.)

Enquanto caminham até a montanha Isaque pergunta a Abraão, de onde o sacrifício virá - isso é tão mórbido, não é? Porque no padrão de leitura da história ele está indo para a sua morte, porque seu pai ama tanto a Deus. (Por favor, me diga que você não considera isso absolutamente repulsivo. Lembro-me de um pregador bem conhecido me dizendo que quando seu filho era um adolescente, levou-o a uma colina e leu esta história e, em seguida, o pregador disse-lhe que sempre amaria a Deus mais do que a ele. Ele me contou a história como se fosse uma coisa admirável que ele fez para ensinar seu filho sobre a devoção a Deus. Eu queria vomitar.) Mas já vimos Abraão acenar com o chapéu para algo superior. Portanto, não estamos indo por esse ângulo.

A resposta de Abraão? Deus mesmo proverá.

Inteligente. É uma resposta não-resposta. Abraão entrou no jogo. Ou seja lá como você quer chamar isso.

E então Abraão se prepara para oferecer seu filho, mas ele não o faz porque Deus pede para ele parar e,
em seguida, ele oferece um carneiro em seu lugar. Fim da história.

Só que não é.
Um anjo aparece e diz que Abraão vai ser abençoado e através de sua descendência todas as nações da terra serão abençoadas ...

Então, de volta à nossa pergunta original: Que tipo de Deus iria pedir a um homem para sacrificar seu filho?

Agora, uma resposta: Não este.

Os outros deuses podem exigir o seu primogênito, mas não este Deus.

Portanto, se Deus não quer que Abraão ofereça seu filho, por que a charada?

Várias respostas:

Em primeiro lugar, o drama é o ponto. Abraão sabe o que fazer quando ele disse para oferecer seu filho,
porque este é sempre o ponto onde a religião chega. Assim, num primeiro momento, esse deus parece ser como todos os outros deuses. A história é como as outras histórias sobre deuses que nunca estão satisfeitos. A primeira audiência desta história teria ouvido isso antes, teria sido familiar. Mas, então, não é.
A história toma um rumo chocante que vem do nada. Este Deus perturba a familiaridade da história, interrompendo o sacrifício. Imagine uma audiência no início ofegante. O quê? Este Deus parou o sacrifício? Hã? Os deuses não fazem isso!

Em segundo lugar, o Deus dessa história provê!. Adoração e sacrifício era sobre você dar aos deuses.
Esta história é sobre esse Deus dando a Abraão. Um Deus que dá? Que provê?

Em terceiro lugar, esta não é uma história sobre o que Abraão faz para Deus, é uma história sobre o que Deus faz por Abraão. Incrível. Novo. Extraordinário. Uma história sobre um deus que não exige nada,
mas dá e abençoa.

Em quarto lugar, a Abraão é dito que Deus está apenas começando, e que esse Deus vai abençoar Abraão com tanto amor e favor que através de Abraão todos na terra vão ser abençoados. Este Deus não está furioso e demandando sacrifícios, este Deus tem a intenção de abençoar a todos. Abraão é convidado a confiar. A ter fé. Acreditar. Para viver em tais promessas.

Você pode ver quantas ideias inovadoras estão nesta história? Você pode ver por que as pessoas contaram essa história? Você pode ver por que ela perdurou? Você pode pensar em quaisquer outras histórias
sobre um filho que esteve como morto por três dias, mas depois viveu de tal forma que a história sobre ele
confrontou a sabedoria convencional do seu tempo, segundo a qual os deuses estão zangados e exigentes,
com a insistência de que Deus abençoa e dá e dá e tudo o que resta a fazer é confiar que Deus é realmente assim?

Portanto, eis aí um pouco sobre as inundações e os peixes e as torres e os filhos. E pensar que estamos apenas começando …



quinta-feira, 20 de março de 2014

O que é a bíblia? Parte 5. Torre (por Rob Bell)



Série de reflexões sobre a Bíblia, escrita e publicada originalmente em inglês, no tumblr, pelo próprio autor Rob Bell e sua equipe. (http://robbellcom.tumblr.com/post/66107373947/what-is-the-bible).
Transcrito e adaptado para portugues por Marcus Vinicius Epprecht com autorização do autor. Proibida a reprodução para fins comerciais ou qualquer forma de ganho sobre este texto sem a autorização expressa do autor e do tradutor.
Revisado por Felipe Epprecht Douverny e Fernanda Votta Epprecht.
Publicado em português simultaneamente nos seguintes endereços:




Parte 5. Torre


Estamos na 2.a semana (na publicação original em inglês) da minha série sobre a Bíblia. Pronto pra continuar? Porque nós estamos apenas começando! Depois de ter passado um pouco de tempo refletindo sobre as inundações e os peixes, vamos voltar nossas energias para uma torre e um filho.

Em Gênesis 11 lemos a história da torre de Babel, aquela em que as pessoas decidem que vão construir uma torre que alcance o céu

para que possam erguer um nome para elas mesmas e não serem espalhadas sobre a face de toda aTerra,

mas Deus vem e inspeciona o que estão fazendo e decide que, se eles podem fazer isso

nada do que eles planejarem fazer será impossível para eles,

e assim Deus decide:

Vinde, desçamos e confundamos a língua deles para que eles não entendam mais um ao outro”.

Fim da história.

Bem, eu estou assumindo agora que você se aproxima de uma história como esta, à procura de informações, sugestões, qualquer coisa para ajudá-lo a entender melhor o que estava acontecendo neste momento na história, de modo que você possa responder às perguntas interessantes que você faria sobre qualquer coisa na Bíblia:

por que as pessoas acham essa história importante a ponto de valer a pena passá-la adiante?

Ainda bem que você faz essa pergunta.

Em primeiro lugar, quem construiu Babel?
Se voltarmos um capítulo lemos que

Cuxe era o pai de Nimrod, que se tornou um poderoso guerreiro na terra. Ele era um poderoso caçador diante do Senhor … Os primeiros centros do reino eram Babilônia (também conhecido como Babel), Uruk , Akkad …

O que mais sabemos sobre Nimrod?
( Além de ser um dos melhores álbuns do Green Day? Eu não pude resistir ....)

O nome Nimrod vem da palavra raiz hebraica rebelde. Interessante.

Por que isso importa?
Porque no momento em que você começa a história sobre a torre de Babel, o que sabemos é que está sendo construída por um guerreiro muito, muito violento e poderoso, que também está construindo um monte de outras cidades e que seu nome está ligado com a idéia de se rebelar. Isto chama-se construção de um império. É o que acontece quando alguém, ou um grupo de pessoas, quer usar o poderio militar e domínio econômico para esmagar qualquer coisa e qualquer pessoa no caminho de seus planos.

Há outros detalhes que podem ter sido perdidos em nossas leituras anteriores desta história?
Sim. O que exatamente eles disseram uns aos outros sobre como eles estavam construindo a torre? (Eu também não poderia ter respondido a essa pergunta sem reler o texto).

O texto diz:

eles disseram um para o outro: "Venham, vamos fazer tijolos e cozê-los bem." Usaram tijolos em vez de pedra, e betume de argamassa.

Estes detalhes são enormes. Usaram tijolos em vez de pedra. Você já tentou construir algo alto com pedra?
É quase impossível. Por quê? Porque as pedras são de todas as formas e tamanhos diferentes e elas são difíceis de empilhar em cima umas das outras. Aborrecimento total.

Mas esta é uma história sobre tijolos. Alguém inventou o tijolo. Você pode fazer tijolos do mesmo tamanho, da mesma forma, você pode fazer tijolos para especificações exatas, para o que você está tentando construir. Como uma torre.

Se você tivesse construído coisas com pedra, por assim dizer, desde sempre, e então você começasse a usar tijolos, que perguntas você teria de imediato?

Provavelmente questionamentos do tipo

esses tijolos são incríveis, eles fazem todos os tipos de construção que não era possível antes,
que grandes coisas nós poderíamos fazer com esses novos tijolos?

Mas na história não é apenas de tijolos que estão construindo, eles também estão usando betume de argamassa. Argamassa é como cimento, mantendo os tijolos juntos.

Qual é um outro nome para esses detalhes como o tijolo e argamassa?
Tecnologia! Esta é uma história sobre, entre outras coisas, a tecnologia. Alguém inventou algo novo,
tijolo e argamassa - o que permitiu às pessoas fazer coisas que não tinham sido capazes de fazer antes.

E o que isso tem a ver com Nimrod?
Esta é uma história sobre o que acontece quando um poderoso guerreiro que está construindo um império
põe suas mãos em novas tecnologias e começa a usá-las para estabelecer-se como um deus, esmagando tudo e todos em seu caminho.

E o que isso nos diz sobre o mundo no qual o autor desta história estava vivendo?
Este foi um fenômeno novo. As pessoas estavam se espalhando, se dispersando e se estabelecendo em lugares novos e alguns foram ganhando cada vez mais poder e influência que afetaram todo mundo. (Sempre que você ouvir alguém dizer que empresas e bancos de Wall Street têm se tornado muito poderosos, você está ouvindo ecos de um mesmo sentimento, milhares de anos mais tarde ... ) A história reflete uma crescente conscientização e preocupação de que existe um bem maior para a humanidade do que o forte dominando o fraco, os poderosos esmagando os desprovidos de poder, os orgulhosos elevando-se até um status divino. Imagine passar a vida toda construindo pequenos muros de pedra e, em seguida, fazer uma viagem para Babel e ver as pessoas trabalhando em uma torre feita de tijolos. Ela pode ter sido inspiradora, mas também podemos presumir que ela tenha sido aterrorizante. Se alguém pode fazer isso, o que mais ele pode fazer? Ou, para colocar mais um lado da questão, o que não poderia fazer? (Imagine se outros países têm bombas nucleares, e o seu país não. E imagine o que é não ter bombas nucleares, mas saber que um dos países que tem bombas nucleares realmente usou suas bombas nucleares na história recente, deixando cair as bombas em cidades reais onde pessoas vivem. Aterrorizante.)

O que essa história nos diz sobre o que significa ser humano?
Nós temos um tremendo poder e capacidade, como seres humanos. Podemos inventar coisas e construir coisas, sonhar outras e construí-las. É extraordinário, e é para ser comemorado e apreciado! (Diga comigo agora : . . . . . . HD, tela plana, Chipotle (pimenta mexicana), Amanditas, Pranchas de surf, qualquer coisa feita pela Apple, botas da Clarks Desert, guitarras Rickenbacker... Eu poderia continuar. E você também).
Nós também temos a capacidade tremenda de usar nossas energias e mentes e poder e habilidades para promover os nossos próprios fins e ganância e a construção de um império à custa dos que nos rodeiam,
tornando o mundo cada vez menos uma casa tranquila, onde todo mundo está prosperando.

Tem mais?
Sim. Talvez o verdadeiro poder dessa história é o assombroso aviso que ela nos traz de que, quando fazemos tudo girar em torno de nós mesmos e nossa acumulação e nosso ego e nosso poder e nosso desejo de governar - quando nos tornamos muito cheios de nós mesmos, muito obcecados com a nossa própria importância, também fixados em elevar-nos ao topo do topo da torre que estamos construindo
(e todos nós sabemos quais são essas torres, de todas as formas e tamanhos), Deus (ou qualquer palavra que você tem para ele) tem infinitas, inteligentes, e inesperadas formas de embaralhar nossos esforços,
frustrar os nossos planos, e às vezes até confundir a nossa língua, então nós.... balbuciamos (nota de tradução: no original Rob Bell fez um trocadilho com a palavra Babel e babble em inglês, que significa balbuciar, falar confusamente).


sábado, 8 de março de 2014

MULHER

uma simples e sincera lembrança de seu dia!

Muita garra e dedicação
Um exemplo de aplicação
Ledo engano no coração:
Homens tolos fazem oposição.
Em tempos bons e de aflição
Requeremos sempre aproximação.

verão em 08/03/2014 

sexta-feira, 7 de março de 2014

O que é a bíblia? Parte 4. Peixe #2



Série de reflexões sobre a Bíblia, escrita e publicada originalmente em inglês, no tumblr, pelo próprio autor Rob Bell e sua equipe. (http://robbellcom.tumblr.com/post/66107373947/what-is-the-bible).
Transcrito e adaptado para portugues por Marcus Vinicius Epprecht com autorização do autor. Proibida a reprodução para fins comerciais ou qualquer forma de ganho sobre este texto sem a autorização expressa do autor e do tradutor.
Revisado por Felipe Epprecht Douverny e Fernanda Votta Epprecht.
Publicado em português simultaneamente nos seguintes endereços:





Parte 4. Peixe #2



Nesta parte eu quero que você veja quão insanas são algumas discussões sobre a Bíblia e como elas servem como grandes distrações massivas em relação às experiências transformadoras que são possíveis quando lemos essas histórias como elas devem ser lidas.

Dito isto, de acordo com a história de Jonas, ele é engolido por um peixe. Jonas, em seguida, ora no peixe,
e, três dias depois o Senhor ordenou ao peixe, e este vomitou Jonas em terra seca.
- Jonas Capítulo 2.

Agora, alguns vão responder instantaneamente a respeito de um homem sendo engolido por um peixe e viver para contar a história com um “virar de olhos” seguido rapidamente por: Sério? Estamos em 2013! Já não ficou no passado todo esse pensamento mágico / mítico? Já não superamos esses contos de fadas?
Não é exatamente esse tipo de afirmação que tem desconectado tantas pessoas da Bíblia, de Deus, da fé e Jesus e tudo isso?

Outros têm uma resposta muito diferente: Se a Bíblia diz que um homem foi engolido por um peixe, então um homem foi engolido por peixe! Se você negar que esta história aconteceu como o autor diz que aconteceu, o que acontecerá com todas as outras histórias? Se você negar um ponto, então você não está negando todos os outros com elementos miraculosos? E se você negar um ponto, mas afirmar outros, não é essencialmente escolher, e escolher qual deles você quer acreditar?

O que eu acho? Eu acho que não importa o que você acredita sobre um homem que está sendo engolido por um peixe.

Se você não acredita que literalmente aconteceu, está bem. Muitas pessoas de fé ao longo dos anos tem lido esta história como uma parábola sobre o perdão nacional. Eles apontam para vários aspectos da natureza surreal da história simplesmente com uma grande arte de contar histórias porque o autor tem um argumento maior, sobre os israelitas e os assírios e o chamado de Deus para Israel ser uma luz para todos, especialmente para os seus inimigos.

Certo. Bem dito.

Só há um problema. Alguns negam a parte engolido-por-um-peixe não do ponto de vista literário, mas com base no fato de que essas coisas simplesmente não acontecem. O que levanta uma série de questões: Qual é o critério para a negação? Será que temos que apenas afirmar coisas que podem ser comprovadas em um laboratório? Será que só acreditamos em coisas para as quais temos evidência empírica? Será que acreditar ou não acreditar em algo que aconteceu com base em ... se nós acreditamos que essas coisas acontecem ou não? (Essa foi uma frase estranha. Intencionalmente.) Podemos apenas afirmar coisas que fazem sentido para nós? Estamos fechados para tudo o que não podemos explicar?

Se rejeitarmos todos os elementos miraculosos de todas as histórias, porque nós decidimos de antemão que essas coisas simplesmente não são possíveis, corremos o risco de reduzir o mundo apenas àquilo que podemos compreender. E o que há de divertido nisso?

Dito isto, há outros que dizem: É claro que ele foi engolido um peixe, que é o que a história diz que aconteceu!

Muito bem!
Só há um problema. É possível afirmar a verdade literal de um homem sendo engolido por um peixe, fazendo disso o ponto crucial da história de tal forma que você defenda isso, acredite nisso, discuta sobre isso, e gaste suas energias em defender a parte do peixe e perde o sentido da história, o sentido de permitir que o amor redentor de Deus flua através de nós com tanto poder e graça que nos tornamos capazes de amar e abençoar até mesmo os nossos piores inimigos.

Para as pessoas que ouviram pela primeira vez esta história, ela teria a intenção de causar um efeito perturbador e provocante. Os assírios? Os assírios eram como um grande buraco, uma ferida aberta para os israelitas. Abençoar os assírios?

A história é extremamente subversiva porque insiste que
seu inimigo pode ser mais aberto ao amor redentor de Deus do que você é.

É por isso que o livro não termina com uma conclusão, mas uma pergunta. Uma pergunta que Deus tem para Jonas, uma pergunta que Deus tem para os israelitas:

Eu não deveria ter preocupação para com a grande cidade de Nínive ...?

Esta história exige o que se chama consciência não-dual. Muitos vêem o mundo em termos dualistas, termos em que existem as pessoas boas e as pessoas más, os pecadores e santos, nós e eles, um mundo em que as pessoas se mantem fiéis aos rótulos e categorias nas quais foram inseridas ...

Mas esta história não quer nada disso. Ela explode nossos preconceitos e rótulos em pedaços com a declaração de que Deus está do lado de todos, que estende a graça e a compaixão a todos, especialmente àqueles que têm mais fortemente decidido não ficar do lado de Deus.

As pessoas religiosas têm sido muito boas ao longo dos anos em ver-se como NÓS, e as demais pessoas que não fazem parte do mesmo grupo como ELES. Mas nesta história, o cara que se vê como nós está furioso por causa de como Deus foi amigável para com os Assírios e eles se converteram. Ele está tão furioso, que ele prefere morrer a viver com a tensão.

O que nos leva de volta para o peixe: é fácil transformar o debate sobre a parte de peixe em uma forma de distração em relação às tensões da história que realmente têm a capacidade e potencial para nos confrontar e desmontar com o amor de Deus, o tipo de amor que pode realmente transformar-nos em pessoas mais maduras e corajosas, pessoas que gostem mesmo até de seus inimigos. (Ponto para Jesus.)

Agora, deixe- me levá-los mais longe: É possível, na defesa dos "fatos" literais da história, perder o sentido dessa história que pode realmente mudar o seu coração e nesse processo deixar de engajar pessoas com a Bíblia.

O que nos leva de volta para a parte insana: Você pode argumentar interminavelmente sobre peixe, pensando que você está defendendo a verdade ou apontando a natureza fora de moda e ridícula do milagre de um homem dentro de um peixe, apenas para descobrir que todos nessa discussão têm convenientemente encontrado uma maneira de evitar as questões reais, pessoais, que essa história levanta sobre o que realmente se esconde no fundo de nossos corações.