Série
de reflexões sobre a Bíblia, escrita e publicada originalmente em
inglês, no tumblr, pelo próprio autor Rob Bell e sua equipe.
(http://robbellcom.tumblr.com/post/66107373947/what-is-the-bible).
Transcrito
e adaptado para português por Marcus Vinicius Epprecht com
autorização do autor. Proibida a reprodução para fins comerciais
ou qualquer forma de ganho sobre este texto sem a autorização
expressa do autor e do tradutor.
Revisado
por Felipe Epprecht Douverny e Fernanda Votta Epprecht.
Publicado
em português simultaneamente nos seguintes endereços:
Parte
8. “Apredejadores e Adúlteros” ou seria melhor “Hipócritas e
Libertinos”? Ou talvez ainda “Baderneiros e Liberais”? ou quem
sabe “Liberais e Promíscuos? (para um título original “Stoners
and Swingers”)*
Nós
temos olhado para uma série de histórias das escrituras hebraicas,
até
agora,
histórias
que eu queria que você visse sob uma nova luz.
Agora,
vamos olhar para uma história dos evangelhos sobre Jesus e, depois
disso,
vamos
aos poucos começar a identificar o fio que liga todas elas.
Assim.
Apredejadores
e Adúlteros ou seria melhor “Hipócritas e Libertinos” ou talvez
ainda “Baderneiros e Liberais” (para um título original “Stoners
and Swingers”) (Um
bom título é meio caminho andado, não é? ) Uma mulher é pega no
meio da transa, a polícia religiosa a traz, mas não o cara, para
dentro da área do templo e eles fazem com que ela fique perante o
grupo que está tentando fazer Jesus cair na armadilha, dizendo que
ela deveria ser apedrejada, SEGUNDO A LEI (não tenho idéia de
porque eu DEIXEI ISSO EM MAIÚSCULO). Jesus, no entanto, se abaixa e
escreve no chão (Um exemplo clássico de o
que é que
Jesus
está fazendo?
Junto
com esfregar lama nos olhos e sua primeira fala pós-ressurreição:
Ei,
vocês têm comida?).
Ele então diz
qualquer
um de vós que estiver sem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra
contra ela,
ele
escreve um pouco mais no chão, os homens começam a sair até que
ficam apenas Jesus e a mulher, ele pergunta a ela se alguém a
condena, ela diz que não, ele diz a ela que ele também não, e que
ela deve deixar sua vida de pecado.
Fim
da história.
Então,
o que ele estava escrevendo no chão?
Preparado?
Porque isso vai levar algum tempo. Essa história sobre a mulher e a
multidão que quer apedrejá-la encontra-se no início do Evangelho
de João, capítulo 8 (mas não nos manuscritos mais antigos. Hummm).
Se você volta até o capítulo anterior, o capítulo 7, você lerá
que era a época da Festa dos Tabernáculos.
A
Festa dos Tabernáculos era uma das sete principais festas do
calendário hebraico. (Veja Levítico 23 para uma visão mais ou
menos concisa). Havia festas de primavera e de outono, organizadas em
torno dos ciclos agrícolas de plantio e colheita. (Festas eram
comuns no mundo antigo em sociedades agrícolas, onde pessoas
separavam determinados momentos para agradecer aos deuses e pedir a
eles que a generosidade continuasse).
As
Festas da Primavera eram:
Páscoa,
depois,
Pães
Ázimos, depois,
Primícias
, depois,
Pentecostes.
As
Festas de Outono eram
Trombetas,
depois,
Expiação,
depois
Tabernáculos.
Nota
de tradução: os nomes das festas estão traduzidos literalmente.
Conhecemos as mesmas como Pessach
, Matzot, HaBikurin e Shavuot, como festas de primavera e Rosh
Hashanah, Yom Kippur, Sucot como festas de outono.
A
Festa dos Tabernáculos, era a última festa do ano, e a última das
festas de outono. Como a última das festas de outono, era a festa
antes do inverno, quando esperavam que as chuvas viessem regar as
culturas e assim elas crescessem, para que na primavera houvesse uma
colheita e algo para comemorar e dar graças nas festas de primavera.
Milhares de peregrinos no primeiro século vinham a Jerusalém para
os oito dias de festa, permanecendo em abrigos improvisados (tendas)
(sukkots
em hebraico) que representavam como o Deus deles cuidara de seu povo
muitos anos antes, quando eles tinham peregrinado pelo deserto
(Essa
história é contada no Livro do Êxodo). Durante os oito dias havia
sacrifícios e cânticos e rituais especiais, orientados em torno de
pedir a Deus para trazer as chuvas de inverno para que eles tivessem
comida na primavera. Os líderes religiosos ensinavam durante estes
oito dias sobre o significado da água: água em forma de chuva, a
água e a sede, sede como uma metáfora para o anseio espiritual.
Muitos ensinamentos sobre a água. Durante os oito dias todos
ensinamentos eram elaborados visando o último dia,
quando
o sumo sacerdote virava uma jarra de água e um jarro de vinho
despejando-os juntos sobre o altar, enquanto a multidão gritava
Hosannah!
Hosannah!
Hosannah
significa: que
Deus nos salve,
ou Deus,
por favor, traga-nos as chuvas de inverno para nos salvar da seca e
da fome.
(Mais tarde Hosannah começou a ter conotações políticas, como
Deus,
livrai-nos dos romanos que invadiram a nossa terra
!)
Com
isso em mente, observe esta linha do capítulo 7:
No
último e maior dia do Festival, Jesus levantou-se e disse em alta
voz:
Por
que ele está falando em voz alta? Porque é o último dia e a
multidão estava cantando em voz alta.
Ele
quer ser ouvido acima do barulho da multidão reunida.
E
o que ele disse em voz alta?
Se
alguém tem sede, venha a mim e beba.
Boom!
Ele escolhe este momento, um momento em que as pessoas estavam
concentradas em suas necessidades reais e físicas de água, e chama
atenção para a sua sede espiritual, sede, ele insiste, a respeito
da qual ele pode fazer algo. (É por isso que, no início do
capítulo, ele diz a seus irmãos para irem ao Festival e fica para
trás, dizendo-lhes que ainda não era o tempo certo. Ele está
esperando o último dia para fazer o seu discurso tendo como pano de
fundo o ritual do sacerdote de derramar o vinho e a água e a
multidão cantando sobre sua necessidade de um salvador? Brilhante.
Simplesmente brilhante. A teatralidade por si só é fantástica).
Milhares
de pessoas, festejando e bebendo e vivendo em abrigos improvisados na
encosta da colina em Jerusalém. Basicamente, acampamento religioso.
Com um monte de vinho envolvido.
E
o que muitas vezes acontece quando muitas pessoas bebem e acampam
juntas?
Você
pode ver como duas pessoas podem acabar na tenda errada –
arrependendo-se das decisões que tomaram na noite anterior? Não é
surpreendente, então, que na manhã seguinte, os mestres da lei e os
fariseus arrastem para os pátios do templo uma mulher que eles
haviam capturado com um homem que não era seu marido...
Pela
manhã, eles arrastam esta mulher até Jesus porque querem pegá-lo
numa armadilha. Eles não acreditam nele, eles o rejeitam, eles
querem expô-lo como uma fraude. E assim eles o desafiam com uma
passagem da lei.
E
então ele se abaixa e escreve no chão.
E
o que ele escreve?
Bem,
o
que os fariseus e
mestres da lei vinham fazendo nos últimos oito dias?
Eles
estavam na festa.
E
o que eles vinham fazendo na festa?
Eles
estavam ensinando, certo?
E
o que estavam ensinando?
Eles
estavam ensinando sobre a água.
Que
passagens teriam sido ensinadas?
Interessante
você perguntar. Uma das passagens que era ensinada na Festa dos
Tabernáculos é do profeta Jeremias. A passagem trata de poeira, que
é o que você tem se você não tem água. Aqui estão algumas
linhas:
SENHOR,
tu és a esperança de Israel;
todos
os que te abandonam serão envergonhados.
Aqueles
que se afastam de Ti serão escritos no pó …
Então,
o que Jesus faz?
Ele
pega uma das passagens com a qual todos estavam familiarizados e vira
essa passagem contra eles, tudo sem dizer uma palavra. Aqui está a
água viva, no meio deles, convidando-os a confiar nele, mas eles não
acreditam nele. Eles tentam fazê-lo cair em armadilhas. Eles ensinam
a respeito de Deus e de água e de esperança e de vida nova, mas
quando ela chega no meio deles através de uma pessoa, que eles não
estavam esperando, eles não conseguem. Agarram-se ao que é
familiar, rejeitando a água viva que está na frente deles.
O
que Jesus escreveu no chão?
Seus
nomes.
*
Nota de tradução: As várias opções a respeito do título
surgiram em função de uma forte discussão entre o tradutor e os
revisores, pois o texto é bastante provocativo e uma tradução
literal seria insuficiente. E não chegamos a um consenso, portanto
você pode opinar e adotar o que você acha melhor condizente com o
texto. Assim também podemos perceber que a “letra” em si, o
escrito, o registro editado não é capaz de expressar a verdadeira
intenção contida na situação que esse registro descreve....
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