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domingo, 18 de maio de 2014

O que é a bíblia? Parte 11. Como ela chegou até nós (por Rob Bell)



Série de reflexões sobre a Bíblia, escrita e publicada originalmente em inglês, no tumblr, pelo próprio autor Rob Bell e sua equipe. (http://robbellcom.tumblr.com/post/66107373947/what-is-the-bible).
Transcrito e adaptado para portugues por Marcus Vinicius Epprecht com autorização do autor. Proibida a reprodução para fins comerciais ou qualquer forma de ganho sobre este texto sem a autorização expressa do autor e do tradutor.
Revisado por Felipe Epprecht Douverny e Fernanda Votta Epprecht.
Publicado em português simultaneamente nos seguintes endereços:



Parte 11. Como ela chegou até nós


Vamos revisar.

Algumas pessoas ao longo de um período de tempo escreveram algumas coisas. Muito do que eles escreveram era uma tradição oral que já tinha sido passada por um tempo, e então, foi finalmente escrita. O que eles escreveram por fim cobre uma multidão de gêneros, da poesia à narrativa, à história, ao evangelho, à apocalíptica, bem como uma série de cartas.


Essas pessoas que escreveram essas coisas tinham objetivos, opiniões, perspectivas e argumentos específicos que eles queriam disseminar. Quando você lê os profetas menores, você está lendo o nascimento do que chamamos de justiça social (Você pode desenhar uma linha direta a partir da indignação no livro de Amós até o movimento Occupy Wall Street). Lucas está escrevendo seu relato da vida de Jesus, porque há dimensões da vida de Jesus que ele quer que seus leitores conheçam. A Torá foi reunida no exílio, onde a história da libertação definida no Êxodo teria tido especial ressonância imediata. O apóstolo Paulo viu Timóteo como um filho e quis passar a ele uma sabedoria especial sobre o que significava seguir Jesus na Ásia Menor, no primeiro século.


A partir do final do primeiro século, e pelas próximas centenas de anos, vários concílios e líderes da igreja decidiram que certos livros eram o que eles chamavam de canônicos (pertencentes à Bíblia) e outros não.
Eles desenvolveram critérios e formas de avaliar quais os livros que tinham certas características e quais não as tinham. Houve muita discussão e debate sobre o assunto. (Ainda em 1500 um líder de igreja chamado Martinho Lutero estava dizendo coisas depreciativas sobre certos livros do Novo Testamento, sugerindo que deveriam ficar de fora.)

Quando você afirma “a Bíblia” (qualquer que seja o cânon) você está ao mesmo tempo afirmando que concorda com os líderes e concílios específicos que selecionaram os livros, aqueles livros em especial, para compor a Bíblia. Isto é especialmente verdadeiro quando as pessoas dizem que a Bíblia é a Palavra de Deus (Nós vamos chegar a essa frase daqui a pouco).
Ao afirmar a Bíblia como a Palavra de Deus, você primeiro está concordando com as pessoas que decidiram que ela é palavra de Deus, e suas decisões sobre este livro contra aquele livro, esta biblioteca contra aquela outra biblioteca.

A Bíblia, então, é uma biblioteca de livros escritos por seres humanos, editados e compilados por seres humanos, e, finalmente, chamada A Bíblia por ... seres humanos. E estes seres humanos afirmaram que esta biblioteca particular de livros (com alguns desentendimentos) é mais do que apenas uma biblioteca de livros. Há uma série de palavras que têm sido usadas tanto nas escrituras como na história recente para descrever essa dimensão de ser mais-que-só-uma-biblioteca para esta biblioteca particular.

Inspirada. Autoritativa. Divina. Soprada por Deus.

Para acreditar que a Bíblia é ao mesmo tempo uma biblioteca de livros e mais do que uma coleção de livros da biblioteca é preciso fé. Você tem que acreditar que há algo mais acontecendo nestas páginas, algo logo abaixo da superfície, algo que une todos aqueles escritores escrevendo todos esses anos e, em seguida, todas as pessoas fazendo todas essas decisões sobre quais coisas que os escritores escreveram pertencem ao arranjo especial de escritos que chamamos de Bíblia.

Estas verdades sobre esta biblioteca e como ela chegou até nós nos ajudam a entender o que a Bíblia é e como falar (e não falar) sobre ela.

Em primeiro lugar, os argumentos circulares não são úteis. Por exemplo, a Bíblia é divinamente inspirada, porque ela diz que é. Qualquer livro poderia dizer isso. Este argumento não apenas não é útil, como também é terrivelmente confuso para as pessoas que nunca leram a Bíblia.
Em segundo lugar, insistir que este livro foi escrito por Deus, não é útil. Ela foi escrita por pessoas reais. Para as pessoas que são novas com a Bíblia, dizer que não foi escrita por pessoas também é terrivelmente confuso. Comece em primeiro lugar com o humano, e em seguida, faça o caminho para o divino.
Em terceiro lugar, a Bíblia não é um argumento. As pessoas que escreveram essas coisas tiveram experiências muito reais do divino e fizeram tudo que podiam para colocar essas experiências em palavras. Essas experiências foram filtradas através de sua consciência, cultura, visão de mundo, e história pessoal. As histórias da Bíblia foram contadas porque significavam algo profundo para as pessoas que primeiramente as escreveram.

Toda doutrina, dogma e teologia foi primeiro uma experiência mística. Alguém teve um encontro com o divino. E então partiu para articular o que aconteceu.

O que vemos nesta biblioteca particular é uma história, uma história que se desenrola ao longo do tempo, uma história sobre a crescente consciência humana do divino. É uma visão do mundo que evolui em sua compreensão de quem somos, para onde vamos, e o que significa ser humano. Esta história tem uma série de características particulares que a une, traços, reviravoltas, revelações, e por isso tantas pessoas como eu têm afirmado esse livro e essas histórias como sendo únicas, inspiradas e reveladoras.

Agora, quando eu falo sobre consciência , filtros e percepção, eu estou falando sobre o que acontece quando as pessoas em um lugar real e um tempo real têm um encontro com o divino.

Para explorar isto, vamos primeiro falar sobre tribos.
Então materialidade.
Em seguida, sobre consciência em expansão.
E então Jesus.



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