Série
de reflexões sobre a Bíblia, escrita e publicada originalmente em
inglês, no tumblr, pelo próprio autor Rob Bell e sua equipe. (http://robbellcom.tumblr.com/post/66107373947/what-is-the-bible).
Transcrito
e adaptado para portugues por Marcus Vinicius Epprecht com
autorização do autor. Proibida a reprodução para fins comerciais
ou qualquer forma de ganho sobre este texto sem a autorização
expressa do autor e do tradutor.
Revisado
por Felipe Epprecht Douverny.
Publicado
em português simultaneamente nos seguintes endereços:
Parte
2: Inundações
Vamos
falar sobre as inundações. Porque
os antigos faziam isso. Os
sumérios contaram histórias de inundação, os mesopotâmios
contaram histórias de inundação, os
babilônios contaram histórias de inundação. Histórias
sobre a água e seu poder destrutivo para acabar com vilas, cidades,
civilizações e pessoas, não eram incomuns no mundo antigo.
Havia
até mesmo histórias sobre pessoas construindo barcos para
sobreviver a estas inundações.
Nestas
histórias de inundação, toda essa água que vem para destruir a
humanidade era entendida como sendo um juízo divino em relação à
forma como as pessoas haviam estragado tudo. Os
deuses estão com raiva, acreditava-se. E uma inundação era a sua
maneira de limpar o convés para começar de novo.
Durante
quarenta dias e quarenta noites a chuva caiu sobre a terra ... [Gênesis 7]
Então,
quando chegamos a uma história sobre um dilúvio, no livro de
Gênesis, ela não é tão incomum. Esta história do dilúvio é
como as outras histórias de inundação porque esse deus é como os
outros deuses - encheu-se com a depravação da humanidade, e
desencadeia a ira divina, sob a forma de uma inundação.
Mas,
então, essa história faz algo estranho. Ela termina com a
insistência divina
E
então este Deus traz um arco-íris e uma promessa e uma aliança.
Uma
o quê?
Uma
aliança. Uma
aliança é um acordo, um
juramento, um vínculo relacional entre dois seres que pertencem um
ao outro.
Não
era assim que as outras histórias de inundação terminavam. Nessas
histórias os deuses estão com raiva e todo mundo morre, e os deuses
ficam satisfeitos. Fim da história.
Mas
este deus é diferente. Este deus compromete-se a viver com as
pessoas de um modo novo, um modo em que a vida é preservada e
respeitada.
Então,
por que essa história, em particular, foi contada?
Por
que essa história importa?
Por
que isso persiste?
Várias
razões:
Primeiro,
imagine, não havia fotos da Terra a partir do espaço, não
havia relatos meteorológicos, não havia imagens do Google, nem
aviões. Imagine que você nunca tinha se afastado mais do que alguns
quilômetros de onde você nasceu. E então imagine um monte de água,
muitas ondas, enxurradas, aterrorizante, vindo sobre você, do nada
e
jogando toda a sua vida fora.
Imagine
o que isso faria para a sua psique.
Você
poderia fazer o que fazemos sempre que sofremos - você buscaria as
causas. E no mundo antigo, era consenso geral que as forças que
causavam este tipo de coisas eram os deuses. Eles que “estavam por
aqui com” as formas equivocadas, traiçoeiras e depravadas dos
seres humanos, haviam decidido liberar a sua ira.
É
assim que as pessoas viam o mundo.
Mas,
então, há uma diferença: esta história começa de uma forma
familiar, da mesma forma que as pessoas tinham ouvido antes, mas, em
seguida, ela toma uma direção diferente. Muito diferente, uma
direção envolvendo arco-íris e juramentos e acordos.
Não
era assim que as pessoas falavam sobre os deuses.
Os
deuses estão furiosos - é assim que as pessoas entendiam os deuses.
Mas
essa história, essa história é sobre um Deus que quer se
relacionar -
um
Deus que quer salvar -
um
Deus que quer viver em aliança …
Esta
história é sobre uma nova visão de Deus.
Não
é um Deus que quer aniquilar as pessoas,
mas
um Deus que quer viver em relacionamento.
Então,
sim, é uma história primitiva.
Claro
que é.
É
uma história muito, muito antiga.
Ela
reflete como as pessoas viam o mundo e explicavam o que estava
acontecendo ao seu redor.
Mas,
descartar essa história tão antiga e primitiva é perder de vista
que, quando essa história foi contada pela primeira vez, tratava-se
de uma nova e incrível concepção de um Deus melhor, mais amável,
mais pacífico, cuja maior intenção para com a humanidade não é a
violência, mas o amor.
É
primitiva, mas também é muito, muito progressista.
Mais
um pensamento, agora sobre unicórnios.
(Não
é ótima essa frase?)
Você
vai ouvir muitas vezes as pessoas falarem sobre histórias da Bíblia
como esta com um certo “virar de olhos”: você
acha que as pessoas ainda acreditam nesse tipo de coisa?
Grande
parte desse cinismo é devido à forma como essas histórias tem sido
contadas,
muitas
vezes por pessoas religiosas bem intencionadas tentando
provar que realmente
havia
dois animais no momento que entraram numa arca e
Sim,
o barco era realmente grande o suficiente
e
claro
que Deus tinha um plano para onde colocar o cocô do elefante.
Esse
tipo de coisa. O
que este literalismo empolado faz, em seus esforços para levar a
história a sério, muitas vezes é perder de vista o objetivo da
história. Esta
história foi um grande salto à frente na consciência humana, um
avanço na forma como as pessoas concebiam o divino, mais
um passo em direção a um entendimento relacional e menos violento,
do divino.
Ela
começa como as outras histórias de inundação começavam,
mas
então ela vai para um lugar diferente.
Um
lugar novo .
Um
lugar melhor …
Agora,
a partir das inundações, vamos falar sobre peixes.
Especificamente
os peixes que engolem as pessoas por três dias para depois
vomitá-los.
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