Série
de reflexões sobre a Bíblia, escrita e publicada originalmente em
inglês, no tumblr, pelo próprio autor Rob Bell e sua equipe.
(http://robbellcom.tumblr.com/post/66107373947/what-is-the-bible).
Transcrito
e adaptado para portugues por Marcus Vinicius Epprecht com
autorização do autor. Proibida a reprodução para fins comerciais
ou qualquer forma de ganho sobre este texto sem a autorização
expressa do autor e do tradutor.
Revisado
por Felipe Epprecht Douverny e Fernanda Votta Epprecht.
Publicado
em português simultaneamente nos seguintes endereços:
Parte
11. Como ela chegou até nós
Vamos
revisar.
Algumas
pessoas ao longo de um período de tempo escreveram algumas coisas.
Muito
do que eles escreveram era
uma tradição
oral que já tinha sido passada por um tempo, e então, foi
finalmente escrita.
O que eles escreveram por
fim cobre
uma multidão de gêneros, da poesia à narrativa, à história, ao
evangelho, à apocalíptica,
bem como uma série de cartas.
Essas
pessoas que escreveram essas coisas tinham
objetivos,
opiniões, perspectivas e argumentos
específicos
que eles queriam disseminar. Quando
você lê os profetas menores, você está lendo o nascimento do que
chamamos de justiça social (Você pode desenhar uma linha direta a
partir da indignação no livro de Amós até
o
movimento Occupy Wall Street). Lucas está escrevendo seu relato da
vida de Jesus, porque há dimensões da vida de Jesus que ele quer
que seus leitores conheçam. A Torá foi reunida
no
exílio, onde a história da libertação definida no Êxodo teria
tido especial ressonância imediata. O apóstolo Paulo viu Timóteo
como um filho e quis passar
a ele uma sabedoria especial sobre
o que significava seguir Jesus na Ásia Menor, no primeiro século.
A
partir do final do primeiro século, e
pelas próximas centenas de anos,
vários concílios
e
líderes da igreja decidiram que certos livros eram o que eles
chamavam de canônicos (pertencentes à Bíblia) e outros não.
Eles
desenvolveram critérios e formas de avaliar quais os livros que
tinham certas características e quais não as
tinham. Houve muita discussão e debate sobre o assunto. (Ainda em
1500 um líder de igreja chamado Martinho Lutero estava dizendo
coisas depreciativas sobre certos livros do Novo Testamento,
sugerindo que deveriam
ficar de fora.)
Quando
você afirma “a Bíblia” (qualquer
que seja o cânon)
você está ao
mesmo tempo afirmando
que concorda com os
líderes e concílios específicos que
selecionaram os livros, aqueles
livros em especial, para
compor a Bíblia. Isto
é especialmente verdadeiro quando as pessoas dizem que a Bíblia é
a Palavra de Deus (Nós vamos chegar a essa frase daqui a pouco).
Ao
afirmar a Bíblia como a Palavra de Deus, você primeiro está
concordando com as pessoas que decidiram que ela é palavra de Deus,
e suas decisões sobre este livro contra aquele livro, esta
biblioteca contra aquela outra biblioteca.
A
Bíblia, então, é uma biblioteca de livros escritos por seres
humanos, editados e compilados por seres humanos, e, finalmente,
chamada
A
Bíblia
por ... seres humanos. E
estes seres humanos afirmaram que esta biblioteca particular de
livros (com alguns desentendimentos) é mais do que apenas uma
biblioteca de livros. Há uma série de palavras que têm sido usadas
tanto nas escrituras como na história recente para descrever essa
dimensão de ser mais-que-só-uma-biblioteca
para esta biblioteca particular.
Inspirada.
Autoritativa.
Divina. Soprada
por Deus.
Para
acreditar que a Bíblia é ao
mesmo tempo uma
biblioteca de livros e
mais
do que uma coleção de livros
da biblioteca é preciso fé. Você
tem que acreditar que há algo mais acontecendo nestas páginas, algo
logo abaixo da superfície, algo que une todos aqueles escritores
escrevendo todos esses anos e, em seguida, todas as pessoas fazendo
todas essas decisões sobre quais coisas que os escritores escreveram
pertencem ao arranjo especial de escritos que chamamos de Bíblia.
Estas
verdades sobre esta biblioteca e como
ela chegou até nós nos ajudam
a entender o que a Bíblia é e como falar (e não falar) sobre ela.
Em
primeiro lugar, os argumentos circulares não são úteis. Por
exemplo, a Bíblia é divinamente inspirada, porque ela diz que é.
Qualquer livro poderia dizer isso. Este argumento não apenas não é
útil,
como
também é
terrivelmente confuso para as pessoas que nunca leram a Bíblia.
Em
segundo lugar, insistir que este livro foi escrito por Deus, não é
útil. Ela foi escrita por pessoas reais. Para as pessoas que são
novas com
a
Bíblia, dizer que não foi escrita por pessoas também é
terrivelmente confuso. Comece em primeiro lugar com o humano, e em
seguida, faça
o caminho para
o divino.
Em
terceiro lugar, a Bíblia não é um argumento. As pessoas que
escreveram essas coisas tiveram experiências muito reais do divino e
fizeram tudo que podiam para colocar essas experiências em palavras.
Essas experiências foram filtradas através de sua consciência,
cultura, visão de mundo, e história pessoal. As histórias da
Bíblia foram
contadas porque significavam algo profundo para as pessoas que
primeiramente as escreveram.
Toda
doutrina, dogma e teologia foi primeiro uma experiência mística.
Alguém teve um encontro com o divino. E então partiu para
articular o que aconteceu.
O
que vemos nesta biblioteca particular é uma história, uma história
que se desenrola ao longo do tempo, uma história sobre a crescente
consciência humana do divino. É uma visão do mundo que evolui em
sua compreensão de quem somos, para onde vamos, e o que significa
ser humano. Esta história tem uma série de características
particulares que a une, traços, reviravoltas, revelações, e por
isso tantas pessoas como eu têm afirmado esse livro e essas
histórias como
sendo únicas,
inspiradas
e
reveladoras.
Agora,
quando eu falo sobre consciência , filtros e percepção, eu estou
falando sobre o
que
acontece quando as pessoas em um lugar real e um tempo real têm
um encontro com o divino.
Para
explorar isto, vamos primeiro falar sobre tribos.
Então
materialidade.
Em
seguida, sobre consciência
em expansão.
E
então
Jesus.
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